Nos últimos tempos, a obesidade é uma doença que afeta pessoas no mundo inteiro. As causas e as consequências são muito variadas, o que dificulta o controle dessa enfermidade. Nesse contexto, uma das hipóteses para a causa da obesidade é a microbiota intestinal, que em obesos é diferente da de uma pessoa com peso normal.
O que é microbiota intestinal?

É o conjunto de microrganismos que povoam o trato gastrointestinal (TGI) humano, onde são encontradas bactérias boas e ruins.
O desequilíbrio da povoação dessas bactérias, quando se tem mais bactérias ruins do que boas, levam a um quadro chamado de disbiose, e isso altera o metabolismo, a resistência à insulina e leva a uma maior absorção de polissacarídeos não digeríveis, um tipo de carboidrato.
Ou seja, em um intestino com mais bactérias ruins, há um aumento de calorias extraídos dos alimentos, devido à resistência à insulina e uma maior absorção de carboidratos, que já seriam eliminados. Então essa energia é armazenada no tecido adiposo, em forma de gordura, gerando assim um ganho de peso.
Diante disso, surge a existência de uma “microbiota obesogênica”, capaz de extrair mais calorias da alimentação se comparada a uma microbiota saudável.
Quais as funções da microbiota intestinal?

É essencial para a metabolização de nutrientes, como vitaminas do complexo B, que estão relacionadas à manutenção do sistema nervoso e cardiovascular, por exemplo. É importante também no metabolismo de minerais como: Cálcio, Ferro, Magnésio, Selênio, Cobre e Zinco.
Ela produz ácidos graxos de cadeia curta que contribuem para o aumento da absorção de cálcio no intestino; tem a capacidade de metabolizar fitoquímicos, principalmente os polifenóis, que são compostos químicos que neutralizam e desestabilizam substâncias nocivas no organismo, os radicais livres.
O sistema imunológico também é influenciado pela microbiota, pois ela controla a proliferação das bactérias patogênicas no organismo. Assim como o “bom humor”: 90% de toda a serotonina do corpo, neurotransmissor responsável pelo humor, é produzida no intestino e a microbiota desequilibrada pode ser a causa daquele estado “enfesado”.
A Microbiota intestinal e a obesidade

A relação da microbiota com a questão da obesidade é bem estreita, como já podemos ver. A microbiota intestinal humana é composta predominantemente de dois filos: Firmicutes, que são bactérias positivas e as Bacterioidetes, que são as negativas.
Um estudo realizado por Jeffrey I. Gordon, da faculdade de Medicina da Universidade de Washington em crianças obesas, demostrou que alterações na microbiota intestinal precedem o sobrepeso infantil, sendo bactérias com maior capacidade de extrair energia dos alimentos.
Outros estudos também observaram uma reduzida proporção de Firmicutes em relação aos Bacterioidites em indivíduos obesos mesmo após a perda de peso, sugerindo então que a manipulação de bactérias específicas poderiam beneficiar o tratamento da obesidade.
O tratamento mais simples
Melhorar a microbiota intestinal pode ser mais simples do que você imagina. Inclusive essa é a primeira atitude tomada pelos bons profissionais antes de recomendar quaisquer suplementos, remédios ou antes de “prescrever uma dieta”, pois a alteração da composição da microbiota intestinal pode ser adquirida por meio dos nossos hábitos.
Quais são os hábitos que influenciam negativamente?
Consumo excessivo de alimentos industrializados (ultra processados), embutidos, à base de farinhas e gorduras saturadas, excesso de sal e açúcar, fumo, álcool, estresse e o uso excessivo de antibióticos.
Para uma microbiota “magra” e saudável:
Consuma frutas, verduras, legumes, grãos integrais, alimentos com probióticos – microrganismos vivos – como iogurtes naturais e leites fermentados enriquecidos com lactobacilos e bifidobactérias, e por fim, mantenha a hidratação adequada diariamente (35ml de água x Peso kg).
É válido dizer que a colonização da microbiota intestinal começa logo após o nascimento e segue em formação durante a amamentação, e com passar do tempo, a modulação da microbiota vai sendo composta pela alimentação. Até os dois anos de idade, esse processo está em formação e depois pode ser determinante para a vida adulta.
Um apelo como mãe e profissional da saúde: Não dê alimentos ultraprocessados e açúcares para as suas crianças se você não quer um adulto com facilidade para a obesidade.
Cuide de si mesmo e de quem depende dos seus cuidados.