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Exercício físico e a claridade mental

O sedentarismo e o avanço da idade deixam o funcionamento cognitivo cada vez pior

Exercício físico e a claridade mental
Yumi Saito Consultoria

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A prática de exercícios físicos promove várias alterações no corpo. A melhoria cardiorrespiratória, aumento da densidade mineral óssea, redução de gordura corporal, aumento da massa muscular, por exemplo, são alguns dos benefícios adquiridos por meio das atividades físicas regulares.

No entanto, atualmente, outro fator que tem sido destacado: é a melhoria da função cognitiva. Função que está relacionada com a aprendizagem, memória, atenção, vigilância, raciocínio e solução de problemas e funcionamento psicomotor (tempo de reação, tempo de movimento, velocidade de desempenho).

 De acordo com Matsudo et al. (2002), a condição prevalente do sedentarismo principalmente em pessoas mais velhas, idosos, observado em estudo, representa uma grave ameaça para o organismo, pois são maiores as chances de surgimento de doenças crônico-degenerativas, que são aquelas de desenvolvimento lento, permanecem por um longo tempo e estão associadas a idade elevada e/ou ao estilo de vida, por exemplo: hipertensão, diabetes, colesterol alto, osteoporose; transtorno de humor, que diminuem as funções fisiológicas e cognitivas, provocando queda da imunidade, piora do perfil lipídico (níveis de LDL, HDL, triglicerídeos e colesterol total), glicêmico e da qualidade do sono.

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Para complementar, outros efeitos do sedentarismo é a diminuição da autoestima, o aumento da ansiedade, o que pode contribuir para quadros de depressão. Fatores como o cigarro, hábitos alimentares não adequados, estresse e problemas cognitivos também estão diretamente ligados com a falta de atividade física.

Diante disso, hábitos associados com a saúde, incluindo exercícios físicos, poderiam acrescentar de sete a onze ano na vida de uma pessoa, foi o que apresentou Breslow et al. (1980)

Como os exercícios físicos interferem na cognição?

Depende da tarefa cognitiva e do tipo de exercício.

Segundo o estudo de Weingarten Guntin em “Mental performance during physical exertion: the benefit of being physically fit”. Int J Sport Psychol 1973;4:16-26., o condicionamento físico pode ter um impacto positivo no desenvolvimento de tarefas cognitivas complexas, mas não influencia em tarefas simples.

Guntin (1973), sugere efeitos dos exercícios em tarefas complexas pela duração do estimulo físico. O exercício com duração entre 45 segundo e 2 minutos, com frequência cardíaca entre 90 e 120 batimentos por minuto seria benéfico para a cognição, já os de duração de 6 minutos com frequência cardíaca por volta dos 150 batimentos por minuto, seria prejudicial para o desempenho cognitivo. Vale ressaltar que esse experimento foi feito com idosos.

Van Boxtel , et al. (1997), que também estudou idosos, acreditam que as tarefas cognitivas poderiam ser sensíveis à capacidade aeróbica. Após uma série de testes, os resultados evidenciaram interação entre velocidade de processamento cognitivo, idade e capacidade aeróbica.

Seguindo a mesma linha, Hill et al.(1993) relacionaram o desempenho cognitivo com a capacidade aeróbica submetendo 87 idosos sedentários a um programa de treinamento aeróbio. Eles observaram efeitos positivos na memória nos que treinaram em comparação aos que não treinaram.

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Esses resultados sugerem que exercícios aeróbios podem ser uma alternativa não medicamentosa para a melhora cognitiva em pessoas idosas.

Sobre os exercícios de forca, ainda existem pouca evidencias sobre os efeitos na função cognitiva, porem em um dos poucos estudos nessa tema, Perrig-Chiello P, Perrig WJ, Ehrsam R, Staehelin HB, Krings F. The effects of resistance training on well-being and memory in elderly volunteers. Age Ageing 1998;27:469-75, foi observado sim melhora no funcionamento cognitivo e também promoveu mais bem-estar psicológico.

Provavelmente esses resultados foram devido aos outros benefícios gerados pelo treinamento de força em idosos, como a amenização das perdas naturais nessa faixa etária, por exemplo, a perda de força, de massa muscular e de densidade óssea.

Por quais os  motivos o exercício físico pode interferir no desempenho cognitivo?

-Aumento nos níveis de neurotransmissores e mudanças em estruturas cerebrais ( comparando pessoas ativas x sedentárias);

-Melhora cognitiva observada em indivíduos com prejuízo mental (baseado na comparação com indivíduos saudáveis.

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Apesar de não haver 100% de evidencias a respeito dos efeitos dos exercícios físicos na melhora da cognição, pesquisas confirmam que pessoas que são moderadamente ativas possuem menos risco de ter disfunções mentais do que pessoas sedentárias e também, que  benefícios cognitivos estão relacionados aos níveis de atividade física de uma vida toda, assunto que foi abordado no artigo As mudanças são para todos.

Os exercícios físicos, no sentido do funcionamento cognitivo, auxiliam também o estudante, o “concurseiro”, pessoas que estão em buscando aprender algo novo , assim como no meio esportivo, técnicos e atletas, na montagem de estratégias que envolvam atenção e decisão. 

Então, a mensagem é: nunca é tarde para começar!

A prática de exercícios físicos melhora as funções orgânicas como um todo, tanto a nível físico quanto mental. Sem efeitos colaterais negativos, o treinamento físico adequado é o método mais barato e acessível para grande parte das pessoas de todas as idades.

Referências:

Perrig-Chiello P, Perrig WJ, Ehrsam R, Staehelin HB, Krings F. The effects of resistance training on well-being and memory in elderly volunteers. Age Ageing. 1998;27(4):469‐475. doi:10.1093/ageing/27.4.469

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