O exercício físico caracteriza-se por tirar o nosso organismo de uma situação de homeostase, que é uma propriedade que o corpo humano tem de se regular e se adaptar a fim de se manter sempre estável. Esse “desequilíbrio” causado pelo exercício físico se dá pelo aumento imediato da necessidade energética do músculo estimulado e, consequentemente, do organismo todo.
A fim de suprir essa nova demanda, o corpo precisa passar por adaptações fisiológicas, dentre elas, a função cardiovascular. As adaptações cardiovasculares ao exercício físico envolvem respostas precoces e tardias, que variam com o indivíduo e o tipo de treino realizado.
Tipos de exercícios
Os tipos de exercícios físicos podem ser caracterizados em dois grupos principais: Exercício dinâmico e isométrico. No tipo dinâmico há contração muscular e movimento; já no tipo isométrico, a contração muscular ocorre porém sem movimento. Por conta dessas diferenças, as respostas cardiovasculares são distintas.
Nos exercícios isométricos, ou seja, sem movimento, uma prancha por exemplo, há um aumento da frequência cardíaca, que gera a elevação da pressão arterial. Isso acontece porque a contração muscular mantida no exercício isométrico promove obstrução mecânica do fluxo sanguíneo.
Nos exercícios dinâmicos, aqueles com movimentação, também ocorre o aumento da frequência cardíaca, os vasos sanguíneos da musculatura ativada se dilatam, ocorre o aumento da pressão com que o sangue é bombeado para fora do coração e mantém ou reduz a pressão com o sangue chega ao coração.
Embora as respostas cardiovasculares aos exercícios dinâmicos e isométricos possuam características próprias, na prática diária dos treinos, os exercícios executados apresentam componentes dinâmicos e isométricos, de modo que a resposta cardiovascular a esses exercícios depende da contribuição de cada um desses componentes.
Exercício destaque
Nesse sentido, os exercícios resistidos ou musculação possuem papel de destaque, pois quando executados em alta intensidade, apesar de serem feitos de forma dinâmica, apresentam também componente isométricos, fazendo com que a resposta cardiovascular durante a execução sejam o aumento da frequência cardíaca e da pressão arterial, que se amplia à medida que o exercício vai sendo repetido.
No entanto, dentre as alterações que ocorrem após o treino é a hipotensão pós-exercício, que se caracteriza pela redução da pressão arterial no período de recuperação, sendo esses valores pressóricos observados após exercícios permaneçam inferiores aos valores pressóricos antes do exercício, ou mesmo àqueles medidos em dias sem a execução de exercício.
Adaptações crônicas
Dentre os efeitos e adaptações cardiovasculares aos exercícios físicos em longo prazo, um deles é a diminuição da pressão arterial de repouso, porém, isso depende da intensidade dos treinos e da condição individual do praticante.
No que diz respeito à segurança de indivíduos hipertensos, a intensidade deve ficar em torno de 50% de 1RM, com intervalos mínimos de um minuto entre séries e exercícios, tendo uma prevalência de exercícios que solicitem principalmente os grandes grupos musculares.
E no caso dos exercícios aeróbios, a intensidade entre 50-60% do VO2máx., com durações entre 30-45 minutos, de forma contínua. Porém vale ressaltar que ainda há resultados conflitantes em relação à melhor intensidade e à melhor duração para esse modelo de exercício.
Outro importante efeito do exercício físico regular, em longo prazo, é a hipertrofia cardíaca, que se caracteriza por aumento do tamanho das câmaras cardíacas ou da espessura da parede muscular do coração – sem elevação significativa do tamanho do órgão e sem perda de funcionalidade. É importante ressaltar isso porque algumas doenças também provocam essa hipertrofia, como a hipertensão arterial, porém, esse aumento do tamanho do coração ocorre sem a elevação da força de contração, tornando-a insuficiente para bombear sangue de maneira adequada para os órgãos e tecidos do corpo.
A hipertrofia cardíaca também está ligada ao tipo de exercício executado. Nesse caso, seria predominantemente os aeróbios. Em uma corrida de longa duração, o coração precisa encher com maior volume de sangue, e esse estímulo mecânico de enchimento dos ventrículos, se repetido por algum tempo, leva ao aumento das câmaras cardíacas.
A hipertrofia cardíaca causada pelo exercício resistido (musculação) ocorre na musculatura da parede do ventrículo esquerdo. Durante esse tipo de exercício, ocorrem picos de pressão arterial, induzindo ao aumento da força de contração para ejetar sangue para o corpo.
Essas adaptações cardiovasculares em efeito aos exercícios físicos regulares são de fundamental importância para a saúde , principalmente para os hipertensos, tendo em vista que o treinamento adequado melhora o quadro de pressão alta.
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