História

Heda, o Navio da Amizade: Uma história não contada

Em 1855, uma escuna partiu da península de Izu e partiu em direção à Rússia. Documentos recém-descobertos contam uma história desconhecida de amizade entre a Rússia e o Japão

Heda, o Navio da Amizade: Uma história não contada
Daisuki Tchê

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Em novembro de 1854, logo após a segunda visita do comodoro Perry ao Japão e sua assinatura da Convenção de Kanagawa, resultando na abertura de dois portos japoneses ao comércio americano, a frota do almirante russo Yevfimy Putyatin chegou ao porto de Shimoda, no extremo sul da Península de Izu para negociar um acordo semelhante entre o Japão e o Império Russo.

The sinking of Diana, Illustrated London News, 1856.

Em 23 de dezembro de 1854, o forte terremoto de Ansei-Tokai sacudiu a área, resultando em um tsunami de 7 metros de altura. Toda a frota do almirante Putyatin foi destruída, com exceção de sua capitânia, a fragata Diana. Severamente danificada, a Diana navegou em direção a Heda para reparos. Heda era conhecida por sua longa tradição de construção naval. A Diana porém, nunca chegou a Heda, afundou na Baía Suruga.

Os marinheiros russos sobreviventes foram levados para Heda. Juntamente com os carpinteiros locais, eles construíram um navio de estilo ocidental, uma escuna, e a chamaram de Heda para agradecer ao povo da vila por sua ajuda e hospitalidade.

Putyatin em Nagasaki, 1853.

Hoje, há até um museu naval na cidade, onde podem ser encontrados, entre outros objetos, a âncora da Diana, recuperada do local do naufrágio.

Âncora da escuna Diana – Museu de Construção Naval de Heda
Foto: Masayoshi, usuário do TripAdvisor

A Heda (ヘ ダ 号) foi uma escuna construída pelos marinheiros russos de Yevfimy Putyatin e 300 carpinteiros japoneses da cidade de Heda em 1855.


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No templo de Hosenji, no centro de Heda, você encontra uma pedra memorial para os marinheiros russos que morreram no naufrágio da Fragata Diana.

Heda
Memorial para os marinheiros russos que morreram no naufrágio da Diana,
Templo de Hosenji, Heda

O episódio acabou aproximando Russos e Japoneses e foi decisivo na negociação do tratado entre os dois países. Em abril de 1855, depois de negociar e assinar com sucesso o Tratado de Shimoda, que abriu três portos japoneses para navios russos, o almirante Putyatin e seus marinheiros retornaram com segurança a São Petersburgo a bordo da Heda.

Kimisawagata (君沢形)

A verdade é que a construção da Escuna Heda, juntamente com outros acontecimentos, teve papel decisivo na criação da Marinha Imperial Japonesa e no fim do Shogunato.

Logo após a partida da Heda para a Rússia, o governo japonês ordenou que mais seis navios fossem construídos no modelo do Heda, contribuindo assim para o desenvolvimento da construção de navios no estilo ocidental no Japão. O novo tipo de navio foi nomeado Kimisawagata (君沢形). Outros foram construídos no mesmo modelo: quatro navios de 500 toneladas do tipo Toyoshimagata (豊島形) e seis navios de 30 toneladas do tipo Nirayamagata (韮山型). Esses esforços contribuíram para o desenvolvimento do primeiro navio de guerra a vapor da Marinha Imperial do Japão, o Chiyodagata (千代田形).

Outros navios de guerra do Bakufu

A construção naval também ocorreria em outros locais durante o período do Bakumatsu. Por exemplo, em Uraga foi construído o Hōō Maru (鳳凰丸), o domínio de Mito construiu o Asahi-maru (旭日丸), o domínio de Satsuma construiu o Shohei-Maru (昇平丸) e o Houzui-Maru (鳳瑞丸), juntamente com o domínio de Saga.

A partir daqui, a história já não é mais sobre a Heda e a amizade entre os Japoneses e os Russos, por isso, vou deixar essa parte para outro artigo!

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