Ciência

O uso da tecnologia japonesa no combate ao aquecimento global

A start-up Challenergy desenvolveu uma turbina eólica que não apenas suporta o impacto de um tufão, mas ainda aproveita a energia da tempestade para produzir eletricidade

O uso da tecnologia japonesa no combate ao aquecimento global
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As medidas adotadas pelos governos contra o aquecimento global podem ser divididas em duas categorias: mitigação e adaptação. Enquanto na mitigação busca-se a redução das emissões de gases de efeito estufa, na adaptação prepara-se para lidar com temperaturas mais altas.

Algumas empresas na Europa e nos Estados Unidos estão vendendo medidas de adaptação. E o setor também está começando a se enraizar no Japão, onde as empresas vêem que ajudar os países em desenvolvimento a lidar com o impacto das mudanças climáticas, é uma grande oportunidade de negócio.

A start-up Challenergy desenvolveu uma turbina eólica que não apenas suporta o impacto de um tufão, mas ainda aproveita a energia da tempestade para produzir eletricidade. A empresa está se preparando para enviar uma turbina para as Filipinas.

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Challenergy apresentando suas ideias palestra da BITS 2016
Foto: Challenergy

O CEO da Challenergy, Atsushi Shimizu, encontrou motivação no acidente nuclear de 2011 na província de Fukushima. Ao perceber a importância da energia renovável, o engenheiro elétrico começou a trabalhar com a energia eólica.

As turbinas tradicionais com hélices podem ser danificadas se os ventos forem muito fortes. A idéia de Shimizu era criar um eixo vertical rotativo que pudesse suportar o vento, independentemente da força ou direção. Sua empresa gastou milhões de dólares testando o gerador em Okinawa.

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CEO Atsushi Shimizu com seu gerador eólico para tufões
Foto: Challenergy

Shimizu tem recebido sondagens principalmente de países asiáticos. “Todos os países propensos a tufões e furacões, além das ilhas remotas atormentadas pela falta de energia, são vistos por nós como mercados promissores”.

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Foto: Challenergy

A chegada de um fenômeno natural com tamanho potencial destrutivo é um evento que traz consigo medo e ansiedade. Mas a partir do próximo ano algo tão poderoso como o Hagibis pode ser uma grande oportunidade, pois está surgindo uma nova tecnologia que aproveitará tufões poderosos, consumindo sua incrível energia.

É possível que um novo tipo de “turbina de tufão” seja capaz de resolver a crise energética do Japão? A incrível energia de um tufão poderia ser aproveitada para alimentar as casas de mais de uma centenha de milhões de pessoas? Trata-se de um potencial gigantesco. Em um ano, ciclones tropicais possuem energia equivalente a cerca da metade da capacidade de geração de energia elétrica em todo o mundo.

O Ministério da Terra, Infraestrutura, Transporte e Turismo do Japão estima que a energia de um grande tufão é equivalente a cerca de 50 anos de geração de energia do Japão.

O produto de uma start-up japonesa chamada Challenergy, tecnologia chamada turbina eólica Magnus Vertical Axis (VAWT), pode aproveitar o potencial destrutivo de tais ventos. Em vez das hélices tradicionais das turbinas eólicas regulares, a Magnus VAWT possui cilindros rotativos que acionam um gerador de eixo vertical.

A partir de 2020, o Magnus VAWT poderá começar a capturar a energia dos tufões que atingem o Japão com frequência, até mesmo um tufão de categoria cinco como Hagibis.

O funcionamento do Magnus VAWT se baseia no “efeito Magnus”, um fenômeno que explica porque a rotação de um objeto altera a sua trajetória no ar, que por sua vez se curva em contato com o objeto. Esse efeito pode ser observado quando um jogador de futebol chuta a bola com efeito e ela faz uma curva no ar, muitas vezes enganando o goleiro adversário.

Uma turbina Magnus VAWT possui três cilindros verticais que giram em torno de um eixo vertical para gerar energia. Ele já foi testado na cidade de Nanjo, em Okinawa, Japão, onde suportou ventos com velocidade de 225 quilômetros por hora.

Embora não pareçam ser tão eficientes quanto as turbinas eólicas comuns, se as turbinas Magnus VAWT puderem capturar até parte da energia cinética de um tufão, isso não importará.

Qual é o problema das turbinas eólicas tradicionais?

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Turbina de tufão da Challenergy Foto: Challenergy

As turbinas eólicas regulares têm hélices, e elas funcionam bem na maioria dos cenários. Mas durante os tufões as hélices podem quebrar, e por isso geralmente são desativadas quando um se aproxima. Essa é uma das razões pelas quais a energia eólica não pegou no Japão, embora o terreno montanhoso também seja um fator negativo.

Embora a capacidade global de energia eólica seja agora mais importante do que a indústria de energia nuclear, o Japão tem muito poucas turbinas eólicas. O governo japonês estima que, até 2030, a energia eólica seja responsável por apenas 1,7% da produção de eletricidade do país.

A GE Renewable Energy está trabalhando em turbinas eólicas mais fortes, especificamente para a zona de tufões. No entanto, seu produto atual, o 4.2-117, pode suportar ventos de 205 quilômetros por hora, o que não é suficiente para lidar com um tufão como o Hagibis.

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