Olhando para o ano passado na ciência, os melhores avanços parecem vir em áreas como edição de genes e computação quântica. No entanto, devemos lembrar que algumas das descobertas científicas mais importantes ocorrem quase sem aviso prévio, em campos aparentemente entediantes como ciência dos materiais ou química.
De fato, quase todos os cerca de 5 bilhões de telefones celulares atualmente em uso funcionam com baterias compactas de íons de lítio, que não existiam antes de 1991. Sem essa tecnologia – baseada em sutis avanços da química – um smartphone leve pareceria mais um tijolo (um “tijolar” como se diria hoje em dia), e a revolução das comunicações móveis nunca teria acontecido.
Os cientistas por trás dessa revolução da bateria, incluindo a química do japonês Akira Yoshino, foram agraciados com o Prêmio Nobel do ano passado em química, e suas pesquisas ilustram o quão difícil é armazenar energia química de maneira segura e confiável em pedaços compactos de matéria.
As baterias de lítio já existiam desde os anos 70, mas ainda eram muito perigosas para uso comercial. A questão da segurança só foi vencida no início dos anos 90 por Yoshino, trabalhando na Asahi Kasei Corp., que encontrou uma maneira de usar materiais sólidos mais estáveis. Seu trabalho ilustra como a tecnologia pode avançar de maneiras inesperadas.

Foto: YOSHIAKI MIURA