O primeiro-ministro Shinzo Abe estendeu nesta segunda-feira o Estado de Emergência Nacional até o final do mês de maio, para reduzir novas infecções por coronavírus no Japão, em meio a sinais crescentes da epidemia.
Abe disse que a extensão do Estado de Emergência, que deveria expirar na quarta-feira, é necessário para remover parte da pressão sobre os hospitais superlotados por pacientes com COVID-19 e pediu cooperação contínua.
Mas ele reconheceu que “restrições rígidas” às atividades sociais e econômicas não podem durar muito, dizendo que “novos estilos de vida” devem ser adotados sem diminuir a prevenção contra o vírus e retornar gradualmente à normalidade.
“O período de um mês foi projetado para nos prepararmos para o próximo passo e pôr fim ao Estado de Emergência”, disse Abe durante uma entrevista coletiva na televisão.
O número de casos relatados diariamente caiu para cerca de um terço do seu pico – de 700 para 200 -, mas deve cair abaixo de 100, disse Abe. Até o momento, o Japão confirmou cerca de 16.000 casos de coronavírus, com mais de 560 mortes.
Sob o estado de emergência, as pessoas ainda precisam se abster de cruzar as fronteiras das províncias e ir a boates ou locais de música ao vivo, para diminuir o risco de transmissão em grupo. Abe reiterou seu pedido de um corte de 80% no contato pessoal em 13 províncias, como Tóquio e Osaka, que exigem “cuidado especial”.
“Não estou dizendo que sair é ruim”, disse Abe, desde que os 3 pontos – evitar espaços confinados, evitar lugares lotados e evitar contato próximo – sejam respeitados.
O estado de emergência do Japão não significa lockdown ou uma quarentena mais severa, e passeios necessários, como compras, visitas a hospitais e caminhadas ou corridas, foram permitidos.
No mês passado, a atividade econômica foi deprimida devido a pedidos de permanência em casa e fechamento de negócios sob a declaração de emergência.
Embora o Estado de Emergência permaneça em vigor em todo o país, algumas das atuais restrições às atividades sociais e econômicas serão amenizadas em províncias onde a situação da infecção não precisa de atenção especial.
A reabertura de parques, bibliotecas e museus será permitida em todo o país, desde que sejam tomadas medidas preventivas contra o vírus.
O governo divulgará diretrizes nas próximas semanas sobre medidas de prevenção de vírus para as empresas retomarem suas operações.
Enquanto o fechamento forçado por coronavírus continua, Abe disse que trabalhará para garantir que as crianças possam voltar à escola mesmo “em estágios”, já que o ano letivo normalmente começa em abril.
Um painel de especialistas médicos encarregados de avaliar a situação da infecção deu uma idéia de como seriam os “novos estilos de vida”. Suas recomendações partem do básico, como lavar as mãos e usar máscaras, para manter uma distância física de 2 metros e evitar conversas cara a cara.
O painel está promovendo o uso de dinheiro eletrônico, o que pode ser difícil no Japão dependente de dinheiro, bem como reuniões internas e trocas de cartões de visita digitais para reduzir os riscos de transmissão.
Na conferência de imprensa de segunda-feira, Abe disse que os especialistas farão uma nova avaliação sobre a situação da infecção por volta de 14 de maio e o estado de emergência poderá ser levantado antes do final do mês, dependendo do resultado.
Ele descreveu a extensão além da quarta-feira – o último dia do feriado de Golden Week – como “estressante” e pediu desculpas por não cumprir o prazo.
“Infelizmente, tive que prorrogar por um mês. Estou profundamente ciente de minha responsabilidade como primeiro-ministro”, disse Abe.
Enquanto o Japão se prepara para uma batalha prolongada contra o COVID-19, Abe enfatizou a necessidade de desenvolver rapidamente medicamentos e vacinas para tratamento.
Disse também que espera ver o uso do medicamento anti-gripe Avigan aprovado para pacientes com COVID-19 no Japão, já que o governo também deve acelerar seu processo de autorização para o antiviral experimental remdesivir.
A extensão veio depois que o painel de especialistas médicos do governo recomendou na sexta-feira que as medidas de emergência fossem mantidas por um tempo para evitar um aumento de novas infecções que colocaria uma pressão adicional nos hospitais.
Para atenuar os danos causados às famílias, o governo também anunciou que iria fornecer 100.000 ienes a cada uma das 126 milhões de pessoas do Japão, para ajudar a superar a situação de emergência.
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