Comportamento

Valentine’s Day: O dia dos namorados também chegou ao Japão

O Dia dos Namorados tornou-se popular no Japão na década de 1950, devido, em parte, à campanhas comerciais notáveis

Valentine’s Day: O dia dos namorados também chegou ao Japão
Desbravando o Japão

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Parte da série Matérias Especiais, em 75 posts

Demonstrações de afeto são incomuns para os japoneses, ao menos no dia a dia. Nas ruas, raras são as vezes que percebemos suas intenções amorosas, por exemplo, levando aqui em comparação ao nosso acalorado Brasil, é claro.

Por outro lado, o processo de “ocidentalização”, principalmente a absorção de costumes norte americanos, é fácil de ser percebido e vem trazendo muitas mudanças no Japão nas últimas décadas.

Halloween e Natal já trazem ótimos resultados ao comércio local, sendo ambas as datas tão aguardadas quanto os Festivais tradicionais japoneses, como o Hanami (apreciação das flores, principalmente as das cerejeiras), o Festival de verão, com seu Hanabi (fogos de artificio) e o Koyo (as folhas do outono), além é claro do Tanabata Matsuri e tantos outros.

Quem foi o Santo comemorado até mesmo no Japão?

São Valentim é um santo, reconhecido pela Igreja Católica e pelas Igrejas Orientais que dá nome ao Dia dos Namorados em muitos países, onde o celebram como Dia de São Valentim. O nome refere-se a pelo menos três santos martirizados na Roma antiga.

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Reconstituição do rosto de São Valentim

A data de 14 de fevereiro é o dia da morte de São Valentim, o defensor do amor que no século III ficou conhecido como o patrono dos enamorados.

Ainda nos tempos de Roma, o Imperador Cláudio II havia decretado a proibição dos casamentos durante os períodos de guerras e combates, pois acreditava que os soldados solteiros eram melhores combatentes que os soldados casados.

O bispo Valentim, contrário à sobreposição de leis militares sobre o sacramento do matrimônio, seguiu realizando casamentos mesmo contra as ordens imperiais. Algumas lendas contam que ele próprio se casou neste período, e talvez tenha sido esta uma motivação pessoal muito poderosa para a sua romântica desobediência.

Encarcerado, recebia presentes, flores e bilhetes de muitos jovens que afirmavam ainda acreditarem no amor. Em sua triste e gélida cela, o bispo se apaixonou pela filha cega do carcereiro e, milagrosamente, restituiu a visão de sua amada. Decretado mártir pela Igreja, a data de sua morte se transformou em evento comemorativo do amor romântico.

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Crânio de São Valentim coroado por flores
Foto: Dnalor_01

Vale lembrar que o casamento de sacerdotes da Igreja Católica só ocorreu de fato “ao longo do século 12, onde se estabeleceu a obrigatoriedade definitiva do celibato aos clérigos católicos romanos”, como afirma o filósofo e teólogo Fernando Altemeyer Júnior, professor do Departamento de Ciência da Religião da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.

A data pelo mundo

O dia 14 de fevereiro tem muita história ao longo dos séculos. A data marca a véspera de lupercais, festa anual celebrada na Roma antiga em honra a deusa Juno e ao deus Pan. Um dos rituais desse festival era a passeata da fertilidade, em que os sacerdotes caminhavam pela cidade batendo em todas as mulheres com correias de couro de cabra para assegurar a fecundidade.

Outra versão diz que no século XVII, ingleses e franceses passaram a celebrar o dia de São Valentim como a união do Dia dos Namorados. A data foi adotada um século depois nos Estados Unidos, tornando-se o Saint Valentine’s Day.

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Será que é por isso que os enamorados são chamados de “pombinhos”?

Na Idade Média, dizia-se que o dia 14 de fevereiro era o primeiro dia de acasalamento dos pássaros. Por isso, os namorados da Idade Média usavam esta ocasião para deixar mensagens de amor na soleira da porta do(a) amado(a).

Na sua forma moderna, a tradição surgiu em 1840, nos Estados Unidos, depois que Esther Howland vendeu US$ 5000 em cartões do Dia dos Namorados, uma quantia elevada na época. Desde aí, a tradição de enviar cartões continuou crescendo, e no século XX se espalhou por todo o mundo.

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Esther Howland é considerada a “Mãe do Valentine’s Day”

Atualmente, o dia é principalmente associado à troca mútua de recados de amor em forma de objetos simbólicos. Símbolos modernos incluem a silhueta de um coração e a figura de um Cupido com asas. Iniciada no século XIX, a prática de recados manuscritos deu lugar à troca de cartões de felicitação produzidos em massa.

O dia de São Valentim era até há algumas décadas uma festa comemorada principalmente em países anglo-saxões, mas ao longo do século XX o hábito estendeu-se a muitos outros países.

Como a data chegou ao Japão?

O Dia dos Namorados tornou-se popular no Japão na década de 1950, devido, em parte, à campanhas comerciais notáveis. Houve um confeiteiro que começou a vender chocolates em forma de coração durante a temporada e uma grande loja de departamentos que começou com uma campanha de “Venda dos Namorados”, uma ideia que foi seguido por outras lojas de departamento e continua até hoje.

Seus clientes alvo eram mulheres, incentivadas a comprar chocolates lindos e deliciosos para os homens em suas vidas. Vale ressaltar que no Japão, esses homens não são apenas pessoas cujas japonesas tem relações amorosas e sim amigos, colegas de trabalho ou da escola que elas apreciam afetuosamente.

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As vitrines das lojas de departamentos eram elegantes e a popularidade continuou a crescer ao longo dos anos.

Hoje em dia, os chocolates para a data são mais populares do que nunca. As vitrines das lojas tornaram-se cada vez mais elaboradas, oferecendo vários gostos e estilos de chocolate.

As embalagens são muitas vezes tão intensas quanto os chocolates em si e a maioria das lojas de departamentos oferecerem serviços de embrulhos para fazer os presentes ainda mais especiais. Os preços variam de modesto a muito caro.

Existem 3 tipos de chocolates para presentear

Outro aspecto a ser observado no Dia dos Namorados no Japão é que as mulheres não apenas dão chocolate aos homens por quem têm sentimentos românticos, mas também aos membros masculinos da família e até colegas de trabalho.

No entanto, nem todo chocolate é considerado igual, e o tipo de chocolate fornecido depende do relacionamento. Os japoneses têm palavras diferentes para descrever os tipos de chocolates do dia dos namorados dados no dia dos namorados.

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Giri Choco (義理チョコ):

O giri choco é conhecido como “chocolates de obrigação”, que são distribuídos para colegas de trabalho, familiares e conhecidos. Normalmente, esse tipo de chocolate é relativamente mais barato, e o presente não é de forma alguma considerado um gesto romântico.

Honmei Choco (本命チョコ):

Já o honmei choco deve ser entregue a um parceiro romântico ou a uma pessoa por quem uma mulher tem sentimentos românticos. Em outras palavras, honmei choco são chocolates de amor. As mulheres costumam tomar muito cuidado para selecionar o honmei choco, que normalmente é de alta qualidade, mais atraente esteticamente e como tal, tem um preço mais caro.

Tomo Choco (友チョコ):

Nem todo mundo comemora romance no Valentine’s Day ou no White Day. No entanto, é bastante popular que as mulheres deem chocolates para suas amigas também. Isso é conhecido como tomo choco.

E o que é o White Day?

Exatamente um mês depois, no dia 14 de março, o Japão celebra o que é conhecido como “Dia Branco”. É aqui que quem recebeu os chocolates no Valentine’s Day devem retribuir. Muitas mulheres esperam ansiosamente por este dia, em que os homens são incentivados a demonstrar seus sentimentos através de seus presentes.

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